
OKRs: a gestão que ensina a fazer melhor
Em meio à pressão por resultados e à instabilidade dos mercados, muitas lideranças buscam ferramentas de gestão que prometem entregar produtividade e foco. No entanto, é preciso desfazer um mito comum: adotar metodologias como os OKRs (Objectives and Key Results) não significa trabalhar mais, mas sim trabalhar com mais clareza e direção. Quando bem aplicados, os OKRs ajudam a organizar prioridades, alinhar times e concentrar esforços no que realmente importa.
Ao contrário de sistemas tradicionais como o MBO (Management by Objectives), os OKRs são orientados por ciclos mais curtos, geralmente trimestrais, o que permite adaptação e revisão contínua. Essa cadência mais ágil é essencial para contextos voláteis, onde a capacidade de mudar rapidamente pode definir o sucesso de uma estratégia. Um estudo conduzido por Troian et al. (2022) demonstrou como essa abordagem fortalece a transparência organizacional, impulsionando o engajamento das equipes e o foco em resultados reais.
O valor dos OKRs está, justamente, na mudança de lógica que promovem na gestão. Em vez de metas genéricas ou top-down, os objetivos e resultados-chave são definidos com participação ativa do time. Isso não apenas fortalece o senso de responsabilidade, como também evita a dispersão de esforços, aquela correria desordenada que lembra um “futebol de criança”, onde todos correm atrás da bola sem estratégia.
Apesar dos benefícios, ainda é comum vermos empresas implementando OKRs de forma equivocada. Quando usados apenas como mais uma obrigação burocrática ou como ferramenta de controle, a metodologia perde sua força. A essência dos OKRs é o alinhamento estratégico, não o preenchimento de planilhas. O impacto real acontece quando a organização aprende a dizer “não” para tarefas de baixo impacto e foca no que de fato movimenta o ponteiro dos resultados.
Um ponto crítico para o sucesso dessa metodologia é a capacitação. De acordo com Stray et al. (2022), muitas empresas enfrentam dificuldades em definir bons resultados-chave por não investirem o suficiente no preparo de suas lideranças e equipes. O uso ineficaz dos OKRs leva à frustração, à perda de autonomia e à crença errônea de que a ferramenta não funciona, quando, na verdade, o problema está na execução.
Por isso, mais do que um método, os OKRs devem ser compreendidos como uma cultura. Para que funcionem, precisam estar ancorados em práticas consistentes: ciclos curtos, construção colaborativa, revisões regulares e clareza sobre os papéis de cada um. É essencial que exista integração entre os níveis da empresa, tanto top-down quanto bottom-up, permitindo que os objetivos estratégicos dialoguem com os desafios operacionais do dia a dia.
Também é importante entender que a implementação dos OKRs não é imediata. Trata-se de um processo de evolução contínua, que exige paciência e disciplina. A mudança de mentalidade ocorre gradualmente, mas os resultados aparecem. Mesmo quando as metas não são alcançadas 100%, a jornada já valeu pelos aprendizados gerados. Times bem orientados aprendem rapidamente, ajustam suas rotas com eficiência e ganham maturidade para lidar com metas mais ousadas.
É essencial lembrar: os OKRs não fazem milagres. São uma ferramenta poderosa, sim, mas precisam ser aplicados com propósito e responsabilidade. Quando isso acontece, deixam de ser apenas mais uma tendência importada do Vale do Silício e passam a representar uma estratégia robusta para crescimento sustentável — uma gestão que une foco, transparência e colaboração.
No fim das contas, alcançar bons resultados não depende de esforço cego, e sim de escolhas inteligentes. Os OKRs ajudam exatamente nisso: alinhar todos na mesma direção, deixando claro o que importa, porque importa e como chegar lá, sem sobrecargas, sem ruído, com impacto. Porque trabalhar bem não é trabalhar mais, é trabalhar com intenção.
Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/
MARCIA BRITTO 11999637025 [email protected]