
Coletiva Eixo marca a chegada da Galeria Base ao Recife
Obra de Matheus Ribs
A capital pernambucana ganha mais um espaço dedicado às artes com a chegada da filial da Base à cidade. Criada em 2016, em São Paulo, a galeria representa uma dezena de artistas e trabalha também com mercado secundário. A inauguração da Base Recife acontece na quinta, dia 20 de março, a partir das 17h, com a abertura da exposição coletiva Eixo, que apresenta trabalhos dos artistas: Bruno Rios, Guilherme Almeida, Lucas Länder, Matheus Ribs, Luiz Martins e Rafael Vicente.
A iniciativa de trazer a galeria para o Recife é de Gabriela Maranhão, empresária do setor gastronômico, que vem, nos últimos anos, se aproximando do universo artístico. “Minha trajetória profissional foi construída numa área diversa. Agora, com o passar do tempo e o despertar de novos interesses, a arte foi ganhando mais espaço. Assim nasceu a ideia de trazer para o Recife o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Galeria Base em São Paulo”, destaca.
Segundo ela, o que mais chamou sua atenção foi a atuação da galeria junto a novos artistas que despontam no mercado nacional. O desafio ganhou o apoio de Daniel Maranhão, fundador da Base, também pernambucano, que sempre defendeu a necessidade de abrir novos caminhos e trazer novos artistas para a cena recifense. “Eu acho uma ação inovadora e necessária, pois uma cidade tão rica culturalmente, não pode se manter refratária ao que acontece fora de seu território. A Base Recife tem como missão ampliar o olhar do público sobre o que é arte, criar novos nichos, formar novos colecionadores”, diz.
Obra de Bruno Rios
Eixo, que marca a abertura da galeria, traz obras dos seis artistas do casting — nenhum deles expôs no Recife antes. “Achamos importante começar trazendo nomes que não são conhecidos por aqui, mas que estão em ascensão e já se destacam na cena nacional e internacional. Por exemplo, Guilherme Almeida, artista da periferia de Salvador, tem obras no acervo do Museu Reina Sofia, um dos mais importantes da capital espanhola. Em Pernambuco, ele ainda não é devidamente conhecido”, pontua Gabriela, destacando que duas obras que estão no Recife fazem parte da mesma série da que está hoje na Espanha.
O artista Matheus Ribs, que é também cientista político, apresenta duas pinturas da exposição O Ponto Entre a Flecha, que esteve em cartaz na Galeria Base São Paulo até o fim de janeiro. O artista tem participado de importantes exposições no MAR. CCBB, SESC, e tem obras no acervo permanente do MASP. Luiz Martins, artista que em 2024 realizou exposições em Portugal, na França e na Bélgica, traz uma pintura inédita. Bruno Rios e Lucas Länder, por sua vez, exploram os limites do desenho, enquanto Rafael Vicente, o mais novo artista a entrar no casting, exibe seu trabalho em pintura.
Obra de Guilherme Almeida
Esse conjunto de obras dialoga com o contemporâneo e carrega toda a complexidade das trajetórias individuais e coletivas, se colocando como um ponto de encontro entre variadas poéticas. Eixo não traz um discurso amarrado, fechado; suscita camadas de leitura, de interpretação; coloca obras, artistas, cidades e público em diálogo.
“Em Eixo, o conceito de ‘eixo’ não se limita à ideia de um centro estático, mas se expande para um fluxo contínuo, onde o movimento, a transitoriedade e as diversas direções se entrelaçam. As obras aqui apresentadas propõem diferentes formas de atravessar, desestabilizar e expandir esse eixo, refletindo sobre o espaço, o tempo e as possibilidades de troca. Em cada uma delas, a matéria, a forma e a percepção se encontram em um jogo de tensões que questiona as fronteiras entre o visível e o invisível, o físico e o imaterial, o urbano e o ancestral”, contextualiza Lorraine Mendes, que assina o texto crítico da mostra.
Para Gabriela Maranhão, a exposição inaugural tem como foco inserir a Base no circuito artístico da cidade, apresentando os artistas que fazem parte do casting, propondo uma conversa entre eles e também provocando novas intersecções com a produção local. “Nossa proposta ao trazer a Base para o Recife e junto com ela artistas que estão despontando na cena nacional é amplificar, contribuir com essa cena tão pulsante do Recife, entendendo que ao propor novas interações, novos contatos, estamos abrindo caminhos. Acredito muito na ampliação do público, no incentivo a novos colecionadores. Enfim, acho que a Base chega para somar”, diz, salientando que essa filosofia norteia a concepção dessa estreia.
Obra de Lucas Länder
Como conclui em seu texto Lorraine Mendes: “Eixo é, portanto, uma exposição de interações e encontros. Ela não se propõe a oferecer uma visão única ou linear, mas a criar um espaço de troca onde a arte se torna um veículo para a reflexão e para a expansão de nossas percepções. Um espaço onde passado, presente e futuro não são, bem como distintos pontos geográficos e de pertencimento não são opostos, mas se encontram e se transformam, gerando novos significados e sentidos”.
Sobre a Galeria Base
Fundada em São Paulo em 2016 pelo pernambucano Daniel Maranhão, a Galeria Base nasceu como um desdobramento da sua experiência como galerista no Recife. Com foco no mercado secundário, e aliado às oportunidades que foram surgindo na efervescente cena artística paulistana, o interesse inicial do galerista foi não só nos artistas já em evidência, mas também no resgate daqueles de importante trajetória porém esquecidos pelo mercado. Em paralelo, a entrada no mercado primário surgiu para evidenciar novos artistas que despontam no mercado nacional.
Em junho de 2017, a galeria abriu sua primeira mostra: a coletiva [co]existências, com curadoria de Douglas de Freitas e reunindo trabalhos de diversos artistas, entre eles Lygia Pape, José Rufino, Mira Schendel e Montez Magno. Desde então, foram mais de 20 exposições, individuais e coletivas, e participações nas principais feiras de arte do país, como a SP-Arte e a ARTRIO.
“O nome Base vem da ideia de alicerce, de algo sólido, que dá estrutura às coisas. E foi isso que aconteceu. A criação da galeria deu a base e a estrutura para a formalização do negócio que é, antes de tudo, uma paixão”, lembra Daniel. O espaço funciona como porto, como base, para artistas dos mais diversos recantos do país, em especial para aqueles que atualmente compõem o seu casting. Além disso, o acervo da Galeria Base conta com obras de consagrados conterrâneos, como Francisco Brennand e José Cláudio, além de nomes importantes da história da arte contemporânea brasileira, como Anna Maria Maiolino e Anna Bella Geiger.
Ao longo dos anos, a galeria passou por alguns endereços em São Paulo. Inicialmente funcionava na Avenida 9 de Julho, passou pelo prédio projetado pelo arquiteto Isay Weinfeld, na Alameda Franca, e, no início de 2025, além da abertura da filial no Recife, prepara-se para inaugurar sua nova sede no bairro de Pinheiros.
Serviço:
Galeria Base Recife
Coletiva Eixo — Bruno Rios, Guilherme Almeida, Lucas Lander, Matheus Ribs,
Luiz Martins e Rafael Vicente.
Abertura 20 de março, a partir das 17h, para convidados.
Visitação de 24/3 a 30/4.
Segunda a sexta, das 10h às 18h.
Endereço: Rua Professor José Brandão, 163. Boa Viagem.
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